terça-feira, 20 de fevereiro de 2018


LIBERALISMOS TEOLÓGICO


“Esse flerte é um flerte fatal. É sempre gente muito especial” (Edgard Scandurra)
Flerte Fatal é o nome de uma música da banda de rock nacional Ira, que fala sobre o abuso das drogas e suas consequências. Na narrativa poética de Edgard Scandurra, tudo começa com um simples flerte que aos poucos vai nos consumindo, e no final nos destrói completamente.
O liberalismo tem sido alvo de flerte há algum tempo no Brasil. Sabe-se de seminários respeitados que hoje são um ninho de teólogos liberais, instituições tradicionais e pentecostais que tem em sua cátedra professores cuja missão em sala de aula é desacreditar a Palavra de Deus.

HEREGE À MODA ANTIGA

Essa vertente chamada de liberalismo teológico não é nova. Engana-se quem pensa que Rudolph Bultmann, no século 20, foi o proponente, idealizador ou precursor. Já no século 19, o alemão Friedrich Schleiermacher negava a historicidade dos milagres de Jesus, e Albrecht Ritschl colocava a experiência subjetiva acima da Palavra e transformava o filho de Deus em um mero sábio religioso.
A lista de teólogos malignos e seus desserviços ao evangelho é longa, e seria muito chato gastar tanto tempo citando cada herege liberal, sua época e sua contribuição para esculhambar com a igreja, então eu vou abreviar. Basta-nos saber que tal pensamento não é novidade.

UTOPIA RACIONAL

Assim como o comunismo, o liberalismo teológico é uma utopia. Ele chega com a promessa de revitalizar o cristianismo através de uma proposta de fé que contemple as necessidades do homem moderno (ou no nosso caso, do homem pós-moderno), mas ao invés do avivamento religioso-racional prometido, o que realmente acontece quando o liberalismo chega às igrejas é que elas morrem. Isso aconteceu na Europa, tem acontecido nos Estados Unidos e em breve vai começar a acontecer no Brasil.
Além disso, os teólogos liberais falham no mesmo ponto que os comunistas. Eles acham que sabem o que as pessoas precisam, quando na verdade eles não entendem nada de gente. As pessoas modernas (e pós-modernas) precisam de espiritualidade tanto quanto os humanos mais primitivos. O homem não é uma máquina proletária, e nem uma máquina humanista, mas um ser criado à imagem de Deus, que precisa estar em comunhão com ele por meio de Jesus Cristo. Por isso as ideologias humanizadas, sejam elas políticas ou bíblicas, são totalmente ineficazes quando se trata de resolver o problema do homem.

MIL ROSTOS, TODOS IGUAIS

No Brasil, o liberalismo tem muitas faces. Ele se disfarça de pastor-pensador que discursa sobre uma “divindade relacional” que abre mão de conhecer o futuro pra ser nosso amigão, e também de guru esotérico que apela até para a “impossibilidade quântica” quando o assunto é justificar o próprio pecado. Ele se disfarça de pastor-filósofo que fala de “horizontes utópicos” e “humanismo apofágico”, e até de pai de santo gospel que faz culto em terreiro de candomblé sob pretexto de que “todas as religiões têm uma parte da verdade”.
Mas por trás de toda roupagem intelectual, a verdade acerca destes homens é bastante simples. O pastor liberal quase sempre é um homem que perdeu a fé, mas que gosta de viver da religião. Sem coragem para encarar o mercado de trabalho, o neo-herege faz desse estado de apostasia sua nova fé, e transforma sua “crença na descrença” em um lucrativo meio de vida. Como o mau pastor de Ezequiel 34, estes homens engordam sugando a vitalidade das ovelhas, e destruindo a espiritualidade da igreja.

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

MINISTÉRIO: ABUSO SEXUAL



O abuso sexual cometido por líderes religiosos não se limita aos casos que envolve a Igreja Católica. As igrejas evangélicas enfrentam o mesmo problema. 

No livro "Ética Ministerial", de Carter e Trull, publicado pela Vida Nova, o capítulo sete trata dessa questão.
Mesmo partindo da realidade americana, as questões abordadas se aplicam também para a igreja no Brasil. É bem provável que o leitor desse post conheça pelo menos um caso de abuso sexual cometido por algum líder/obreiro (diácono, presbítero, evangelista, pastor, etc.) na cidade onde mora.

Por muito tempo os ministros cristãos eram tidos como pessoas de integridade inquestionável, dignos de respeito e confiança, mas tal conceito tem sido comprometido com a continuação dos casos de abuso sexual.

O abuso de poder está diretamente relacionado com o abuso sexual. A maior parte das vítimas dos ministros são do sexo feminino (mulheres adultas), mas envolve também crianças, adolescentes e jovens, inclusive do mesmo sexo.

Em alguns casos a conduta sexual indevida do ministro com mulheres e jovens é consensual, inclusive partindo de comportamentos sedutores do sexo oposto, mas que não diminui a gravidade do problema. Os ministros cristãos não estão isentos de ser tentados, e para vencer as tentações é preciso ser prudente e vigilante. Quanto mais a tentação é alimentada, mas difícil se torna recuar.

Nas pesquisas citadas no livro, os números são alarmantes. Uma das pesquisas informa que a incidência de casos de abuso entre ministros cristãos e membros da igreja, supera a incidência de casos entre médicos e psicólogos e seus clientes.

Outra questão levantada é a postura dos líderes do ministério e denominações diante dos casos de abuso sexual. Enquanto alguns ministérios e denominações são bastante rigorosos, outros agem no sentido de encobrir os fatos e acobertar o infrator, inclusive permitindo que diante da impunidade o mesmo volte a cometer tal prática. Isso acontece geralmente quando um ministro que cometeu abuso sexual é simplesmente transferido de igreja ou campo, sem sofrer disciplina nem afastamento das suas funções. Nesse caso o responsável ou responsáveis pela transferência tornam-se coniventes com a prática do abuso sexual.

No estado do Colorado (EUA) uma igreja foi condenada a pagar uma indenização de 1,2 milhões de dólares a uma vítima de abuso sexual. Diante disso a igreja começou a investir em treinamento preventivo para minimizar os riscos de tal prática.

Os autores de "Ética Ministerial", Carter e Trull, apontam três tipos de ministros abusivos:

- O predador: É o indivíduo que busca de forma ativa e constante abusar sexualmente de membros da igreja.

- O eventual: Não comete abuso sexual de forma premeditada, e geralmente se envolve devido algumas vulnerabilidades.

- O amante: É o que se apaixona. Não é motivado pelas intenções do "predador", nem pelas condições do do "eventual".

Diante da realidade e gravidade dos fatos, busquemos pelos meios cabíveis formas de prevenir, inibir e corrigir tal prática, livrando assim a igreja, os ministros, as vítimas e as suas respectivas famílias de todas as consequências indesejáveis e devastadoras do abuso sexual.